Racismo no Shopping Pátio Higienópolis: segurança aborda adolescentes negros e caso gera revolta

Publicado em abr 21

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Racismo no Shopping Pátio Higienópolis: segurança aborda adolescentes negros e caso gera revolta

Abordagem marcada pelo preconceito em shopping de luxo

Quem frequenta o Shopping Pátio Higienópolis dificilmente imagina que, entre vitrines de luxo e cafeterias badaladas, a cena pode ser de adolescentes negros chorando após passar por uma abordagem marcada por racismo. Mas foi isso que viveu a filha de Leni Pires das Merces, de apenas 12 anos, junto com um colega de escola, no dia 17 de abril de 2025. Segundo a mãe, a filha e o colega, ambos negros e estudantes do Colégio Equipe, estavam acompanhados de uma amiga branca no shopping quando foram questionados por uma segurança do estabelecimento. A profissional quis saber se eles estavam importunando a jovem branca, indagando se estavam pedindo dinheiro. Mesmo após a explicação dos adolescentes de que eram apenas amigos, a segurança insistiu na suspeita.

O detalhe mais dolorido? Horas antes, os três tinham participado de uma aula sobre letramento racial e atitudes antirracistas, justamente para lidar com situações como essa — que eles jamais esperavam vivenciar tão cedo e de forma tão explícita. O constrangimento deu lugar ao choro, marca da incredulidade e da dor vivida pelos jovens. O clima no shopping ficou tenso, e a situação terminou apenas depois de muita explicação e abalo emocional, principalmente das crianças negras abordadas injustamente.

Histórico preocupante e reação imediata

Histórico preocupante e reação imediata

A família fez o que muita gente costuma não ter energia para fazer nessas horas: foi à Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência detalhando todo o episódio. Também optaram por formalizar uma queixa diretamente com a administração do Shopping Pátio Higienópolis. Segundo apuração da imprensa, esse tipo de ocorrência não é fato isolado no local. Outros episódios de racismo já foram denunciados nos últimos sete anos, demonstrando que o problema é estrutural e persiste, mesmo com campanhas e leis tentando coibir a prática discriminatória.

A escola, atenta ao abalo dos alunos, não ficou parada. O Colégio Equipe tomou a frente e vai organizar uma manifestação de repúdio ao racismo, agendada para o dia 23 de abril. A expectativa é que outras escolas da região, conhecidas por abrigar alunos da elite paulistana, também participem para dar mais visibilidade ao tema e pressionar por mudanças reais.

Casos como esse escancaram a urgência de discutir o racismo estrutural em ambientes tidos como inclusivos e modernos. O choro dos adolescentes naquele shopping é um alerta: o preconceito não escolhe endereço nem ocasião. O papel das escolas, das famílias e mesmo dos espaços privados, como shoppings, passa a ser questionado, abrindo espaço para um debate cada vez mais necessário sobre o que precisa mudar, de fato, nas relações raciais do país.

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