Bolsa de Hong Kong dispara 2,4% com alívio nas tarifas dos EUA

Publicado em out 20

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Bolsa de Hong Kong dispara 2,4% com alívio nas tarifas dos EUA

As bolsas de Hong Kong e da China registraram um salto inesperado na segunda‑feira, 20 de outubro de 2025, impulsionado pela impressão de que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos poderia recuar nas ameaças de novas tarifas contra Pequim. O índice Hang Seng avançou 2,42%, a maior alta em dois meses, fechando em 25.858 pontos, enquanto o SSEC de Xangai subiu 0,63%.

Contexto econômico que antecede a recuperação

O otimismo não surgiu do vazio. Dados do terceiro trimestre divulgados na mesma manhã mostraram que o Produto Interno Bruto da China cresceu no ritmo mais lento em um ano – um sinal de cautela, mas ainda dentro das projeções do Banco Mundial, que prevê 4,8% de expansão em 2025. O governo chinês mantém a meta oficial de cerca de 5%.

Em entrevista, Lynn Song, economista‑chefe para a Grande China no ING Bank, destacou que o crescimento mais forte no primeiro semestre dá "alguma margem" para alcançar a meta anual, embora o consumo durante a Semana Dourada tenha sido "ligeiramente decepcionante".

Os números que movem o mercado

  • Hang Seng +2,42% (25.858 pontos)
  • SSEC (Xangai) +0,63%
  • CSI300 +0,53%
  • PIB Q3 China: crescimento em linha com expectativas, mas ritmo mais lento
  • Previsão do Banco Mundial: 4,8% de crescimento anual

Além dos índices, o setor siderúrgico mostrou fraqueza: Ge Xin, analista da consultoria Lange Steel alertou que o consumo de aço em setembro ficou abaixo do esperado, indicando que a produção de aço bruto deve permanecer baixa enquanto as incertezas persistirem.

Reunião do Partido Comunista e o plano quinquenal 2026‑2030

A atenção dos investidores está voltada para a reunião do Partido Comunista da ChinaBeijing, que definirá o plano econômico de cinco anos para 2026‑2030. A estratégia prevê estímulos ao consumo interno, reforço da cadeia de suprimentos de alta tecnologia e medidas para conter a crise imobiliária.

Até agora, o partido sinalizou apoio a políticas que "impulsionem o consumo doméstico", o que já ajudou a revitalizar setores de tecnologia e consumo que subiram mais de 2% durante a sessão de 20 de outubro.

Desempenho setorial: quem brilhou?

Desempenho setorial: quem brilhou?

Os papéis de tecnologia e consumo lideraram a alta, mas alguns nomes individuais se destacaram:

  • J&T Global Express subiu 5,8% após anunciar estratégia neutra em plataformas.
  • Xuanzhu Biopharma disparou até 167% em estreia na bolsa de Hong Kong.
  • SenseTime Group avançou 5% ao firmar parceria de IA com a Cambricon.
  • Laopu Gold +9,1%, Mixue Group +6,1%, JD Health +6,0% e Geely Auto +4,0% completaram o rol de ganhadores.

No entanto, o setor imobiliário ainda sente o peso da crise; o preço de imóveis novos recuou em setembro no ritmo mais rápido em 11 meses, reforçando a pressão sobre a demanda de aço.

Perspectivas e riscos à frente

Embora a recuperação seja bem‑recebida, analistas alertam para dois riscos que podem frear o entusiasmo:

  1. Deflação persistente: o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de setembro ficou abaixo das expectativas, sinalizando pressão descendente nos preços.
  2. Tensões comerciais: mesmo com a aparente retenção de Trump, as fricções entre EUA e China permanecem, e possíveis medidas protecionistas de outros parceiros comerciais podem complicar ainda mais o cenário.

Se o Fed mantiver postura dovish, como fez na quarta‑feira anterior, e se a China conseguir estabilizar o consumo interno, o otimismo pode se transformar em tendência de alta sustentada. Caso contrário, a volatilidade pode voltar rapidamente.

O que vem a seguir?

O que vem a seguir?

Nos próximos dias, os mercados observarão os detalhes do plano quinquenal que será divulgado em Pequim, bem como a reação dos EUA a eventuais mudanças na política tarifária. A expectativa é que, se Trump realmente moderar a postura, a confiança dos investidores globais se consolide, trazendo mais fluxo de capital para ações de tecnologia, consumo e até mesmo para ativos de maior risco.

Perguntas Frequentes

Como a possível mudança nas tarifas dos EUA afeta investidores chineses?

Uma redução nas tarifas diminuiria a pressão sobre exportações chinesas, fortalecendo a confiança dos investidores e incentivando fluxo de capital para ações de consumo e tecnologia. Isso já se refletiu no salto de 2,4% do Hang Seng.

Qual é a meta de crescimento da China para 2025 e como ela se compara às projeções do Banco Mundial?

O governo chinês almeja cerca de 5% de crescimento anual. O Banco Mundial projeta 4,8%, número que está praticamente alinhado, mas a diferença mínima pode ser decisiva para a política monetária interna.

Quais setores se beneficiaram mais da recente alta nas bolsas?

Tecnologia, consumo e saúde lideraram, com empresas como SenseTime, JD Health e Mixue Group registrando ganhos superiores a 5% em um único dia.

O que a reunião do Partido Comunista da China pode mudar no cenário econômico?

A reunião definirá o plano quinquenal 2026‑2030, que deve incluir incentivos ao consumo interno, apoio a projetos de alta tecnologia e medidas para conter a crise do setor imobiliário, influenciando diretamente o desempenho futuro das bolsas.

Quais são os principais riscos que ainda podem frear o mercado?

Deflação persistente e tensões comerciais entre EUA, China e outros parceiros são os maiores obstáculos. Um revés nesses pontos poderia reverter o otimismo recente e levar a novos recuos nas bolsas.

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1 Comments

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    Camila A. S. Vargas

    outubro 20, 2025 AT 20:04

    O mercado asiático mostrou que a percepção de risco pode mudar rapidamente quando políticas comerciais são sinalizadas de forma mais branda. A alta de 2,4% no Hang Seng reflete tanto o alívio imediato quanto a esperança de um ambiente de negócios mais estável. Ainda assim, investidores devem acompanhar de perto os indicadores de consumo interno da China, que permanecem vulneráveis. A continuidade desse otimismo dependerá da implementação efetiva das políticas anunciadas.

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