NASA descobre 3I/ATLAS, terceiro cometa interestelar em alta velocidade

Publicado em out 5

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NASA descobre 3I/ATLAS, terceiro cometa interestelar em alta velocidade

Quando NASA anunciou, na madrugada de 1º de julho de 2025, a captura de um novo visitante cósmico, os fãs de astronomia deram um suspiro coletivo. O objeto, batizado de cometa interestelar 3I/ATLAS, é o terceiro corpo originário de fora do Sistema Solar a ser registrado pelos nossos telescópios.

A descoberta ocorreu no Río Hurtado, Chile, graças ao programa ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System). A equipe local percebeu um ponto de magnitude aparente 18 voando a 61 km/s – mais de 140 mil milhas por hora – em direção ao interior do nosso Sistema Solar.

Contexto histórico dos objetos interestelares

Antes de 3I/ATLAS, só tínhamos dois registros: 1I/ʻOumuamua, avançado em 2017, e 2I/Borisov, observado em 2019. Cada um trouxe pistas sobre a formação de sistemas planetários em outros cantos da galáxia. O primeiro parecia um fragmento de asteroide, o segundo, um cometa clássico, mas ambos eram claramente forasteiros, numa trajetória hiperbólica que não se liga à gravidade solar.

O que diferencia 3I/ATLAS é sua velocidade ainda maior e a oportunidade de ser observado por múltiplas missões da NASA simultaneamente – algo que nunca aconteceu antes.

Detalhes da descoberta e trajetória

O evento de descoberta do cometa 3I/ATLASRío Hurtado, Chile revelou que o objeto estava a 3,50 UA da Terra e 4,51 UA do Sol, cruzando a fronteira das constelações Serpens Cauda e Sagitário, bem próximo ao plano galáctico.

Observações prévias foram encontradas em imagens do Zwicky Transient Facility (ZTF) entre 14 e 29 de junho, além de registros do próprio ATLAS de 5 a 25 de junho. O astrônomo amador Sam Deen explicou que a luz do cometa ficou praticamente escondida nas densas estrelas do Centro Galáctico, dificultando a detecção precoce.

Depois de confirmar a órbita hiperbólica via International Astronomical Union's Minor Planet Center, ficou claro que 3I/ATLAS jamais retornaria – ele seguirá em linha reta, rompendo a barreira heliocêntrica.

Observações de missões da NASA

Três grandes telescópios espaciais foram colocados em alerta imediato:

  • Hubble Space Telescope capturou imagens de alta resolução enquanto o cometa cruzava a órbita de Marte.
  • James Webb Space Telescope analisou a composição dos gases, identificando moléculas de água e compostos orgânicos que ainda não tínhamos visto em objetos interestelares.
  • SPHEREx realizou espectroscopia no infravermelho, ajudando a mapear a distribuição de poeira ao redor da nucleo.

O cometa passou a 28 milhões de quilômetros de Marte em 3 de outubro de 2025, depois atravessou a sombra solar para a Terra, dificultando observações óticas, mas permitindo que a sonda Europa Clipper, ainda a caminho de Júpiter, tentasse captar raios de fluorescência solar.

O periélio – ponto mais próximo ao Sol – ocorreu em 30 de outubro de 2025, a 1,4 UA, ou seja, logo dentro da órbita marciana. Em março de 2026, 3I/ATLAS fará sua passagem mais próxima de Júpiter, antes de desaparecer novamente na escuridão interestelar.

Reações da comunidade científica

Reações da comunidade científica

Professora Ana Lúcia Silva, do Instituto de Astronomia da UFRJ, comentou que "ter três missões simultâneas apontando para o mesmo objeto é como ter uma orquestra completa tocando a mesma partitura – cada instrumento traz um timbre diferente, mas o resultado é uma sinfonia de dados sem precedentes".

Já o engenheiro de missão da ESA, Marco Bianchi, ressaltou que embora a NASA esteja no centro da operação, observatórios europeus como o Very Large Telescope também foram acionados, reforçando a colaboração internacional.

Implicações para a astrofísica

Além de confirmar que objetos interestelares são mais comuns do que imaginávamos – agora são três em menos de dez anos – 3I/ATLAS abre caminho para futuras missões de interceptação. Ideias de enviar pequenas sondas de alta velocidade para coletar amostras ainda são discutidas em congressos.

Os dados de composição podem mudar teorias sobre a formação de sistemas planetários. Se moléculas complexas forem encontradas, isso reforça a hipótese de que os blocos básicos da vida podem estar espalhados por toda a galáxia.

Próximos passos

Até o final de 2025, telescópios terrestres continuarão monitorando o brilho do cometa, enquanto a comunidade aguarda o próximo retorno dos instrumentos infravermelhos. O objetivo é montar um modelo tridimensional da nuvem de gás que acompanha 3I/ATLAS, algo que ainda não realizamos para nenhum objeto interestelar.

Enquanto isso, a NASA garante que não há risco de colisão com a Terra – a menor distância prevista é de 1,8 UA, cerca de 270 milhões de quilômetros, bem fora da órbita de Vênus.

Frequently Asked Questions

Frequently Asked Questions

Qual a diferença entre 3I/ATLAS e os cometas interestelares anteriores?

3I/ATLAS foi observado simultaneamente por três grandes telescópios espaciais da NASA, oferecendo espectroscopia em diferentes bandas. Além disso, sua velocidade de 61 km/s é a maior já registrada, o que influencia a forma como o gelo e a poeira se sublimam ao se aproximar do Sol.

Quando e onde o cometa será visível novamente da Terra?

A partir de dezembro de 2025, 3I/ATLAS retornará ao céu noturno sul, sendo observável com telescópios de médio porte, embora sua magnitude esteja próxima de 20, exigindo condições de céu escuro.

Existe algum plano para enviar uma missão de contato direto com 3I/ATLAS?

Ainda não há missão confirmada, mas a comunidade científica está estudando a viabilidade de pequenas sondas propulsoras de laser que poderiam alcançar velocidades suficientes para interceptar o cometa em sua passagem interior.

Como a descoberta de 3I/ATLAS influencia a busca por vida extraterrestre?

Se os espectros revelarem moléculas orgânicas complexas, isso sugerirá que ingredientes básicos para a vida são distribuídos de maneira abundante na galáxia, reforçando a ideia de que a vida pode emergir em muitos sistemas diferentes.

O cometa representa algum risco para as missões espaciais em andamento?

Nenhuma das trajetórias calculadas indica interseção com sondas como Voyager, New Horizons ou a própria Europa Clipper. A NASA já avaliou as órbitas e confirmou que a distância mínima será segura.

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1 Comments

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    Samara Coutinho

    outubro 5, 2025 AT 04:41

    Ao contemplar a passagem fulgurante de 3I/ATLAS, somos convidados a refletir sobre a efemeridade da nossa própria existência; cada partícula de poeira interestelar traz consigo um fragmento de história que antecede milênios.
    O cometa, viajando a 61 km/s, corta o véu do espaço‑tempo como um pensamento que atravessa a mente de um filósofo em busca de sentido.
    Quando o Hubble registra sua imagem, não capturamos apenas luz, mas a manifestação de um convite cósmico à humildade.
    É como se o universo soprasse nas nossas orelhas um sussurro de que somos apenas notas numa sinfonia galáctica, tocadas por instrumentos que nem sequer compreendemos.
    A presença simultânea de Hubble, JWST e SPHEREx eleva o evento a um ritual científico, onde cada telescópio representa um sacerdote que decifra os símbolos do cosmos.
    Na minha visão, a descoberta revela que a curiosidade humana não é um mero instinto, mas uma necessidade ontológica de conectar-se ao infinito.
    Os compostos orgânicos detectados sugerem que as sementes da vida podem estar distribuídas como pólen estelar, espalhando potencial criativo por vastas distâncias.
    Se isso for verdade, a noção de que a vida é exclusiva da Terra se desfaz como fumaça ao sol.
    Não podemos, portanto, permanecer indiferentes à responsabilidade que surge ao detectar tais evidências: devemos proteger nosso planeta enquanto aprendemos a ouvir o silêncio entre as estrelas.
    Este silêncio, porém, não é vazio; ele pulsa com possibilidades que ainda não ousamos imaginar.
    Acredito que a ciência, assim como a filosofia, deve manter-se aberta à surpresa, evitando a tentação de fechar o debate em dogmas rígidos.
    Ao observar 3I/ATLAS, vemos um espelho que reflete nossos próprios anseios de transcendência.
    Talvez, ao estudar sua composição, descubramos não apenas átomos, mas metáforas para a nossa jornada interior.
    Portanto, celebro não só a descoberta técnica, mas o despertar existencial que ela provoca em cada um de nós.
    Que a curiosidade continue a nos guiar através dos corredores escuros do universo, iluminando caminhos antes desconhecidos.

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