Padre Pio Gottin: Cabo Verde celebra centenário de nascimento do missionário italiano

Publicado em set 24

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Padre Pio Gottin: Cabo Verde celebra centenário de nascimento do missionário italiano

A trajetória de Padre Pio Gottin em Cabo Verde

Nasceu em 11 de março de 1924, em Pozzoleone, Vicenza, na Itália. Desde cedo demonstrou vocação religiosa, fazendo seus votos perpétuos em 1945 e sendo ordenado sacerdote três anos depois. Pouco depois, atendeu ao chamado missionário que o enviaria ao outro lado do Atlântico.

Em 31 de março de 1949, chegou ao arquipélago cabo-verdiano. Sua primeira missão ficou na ilha do Fogo, onde, de 1949 a 1955, atuou na paróquia de São Lourenço. Lá, ele não só celebrou missas, mas também começou a se envolver com escolas locais, promovendo a alfabetização de crianças e adolescentes.

Em 1955, foi transferido para Brava, ilha que se tornaria seu lar por 24 anos. A presença de Gott. ali marcou a fundação do Instituto em 1959, hoje referência de ensino básico e técnico. Além da educação, ele organizou projetos de saúde comunitária, como campanhas de vacinação e assistência a famílias em situação de vulnerabilidade.

Seu estilo pastoral combinava rigor espiritual com proximidade humana. Os moradores o chamavam de "pai" porque o viam como um guia moral e um conselheiro. A famosa "sala de conversa" do sacerdote, onde jovens e idosos se reuniam para debater questões cotidianas, acabou por criar um ponto de referência social nas vilas de Brava.

Em março de 1979, Gott. embarcou para os Estados Unidos, onde continuou seu trabalho pastoral até 1999. Mesmo à distância, manteve contato constante com as comunidades que ajudou a construir, enviando cartas, recursos e participando de visitas esporádicas ao arquipélago.

Comemorações do centenário e legado duradouro

Comemorações do centenário e legado duradouro

A data de 11 de março foi escolhida para uma programação especial que reuniu autoridades civis, eclesiásticas e a população em geral. O evento principal aconteceu na Catedral de Nossa Senhora da Graça, em Praia, com uma missa solene celebrada pelo arcebispo local.

Paralelamente, foram organizadas palestras nas escolas de Fogo e Brava, abordando a história da missão católica em Cabo Verde e o papel específico de Gott. Historiadores e religiosos destacaram a importância do Instituto fundado por ele, que ainda forma milhares de jovens a cada ano.

Nas noites de 10 e 12 de março, grupos culturais apresentaram músicas tradicionais, danças e recitais de poemas inspirados na vida do padre. Uma exposição fotográfica, montada pela Sociedade de História de Cabo Verde, exibiu imagens raras da época em que Gott. ainda vivia nas ilhas, revelando momentos íntimos de sua rotina pastoral.

Para os fiéis, a vigília de oração foi um ponto alto. De madrugada, os fiéis se reuniram ao redor da imagem de São Padre Pio, fazendo preces pedindo intercessão para o futuro das gerações cabo-verdianas. Muitos relataram sentir a presença do missionário como um conforto espiritual.

O centenário também serviu para refletir sobre o impacto dos missionários estrangeiros na sociedade cabo-verdiana. Ao longo de décadas, padres como Gott. ajudaram a consolidar a rede de escolas, hospitais e obras de caridade que ainda sustentam comunidades vulneráveis.

Hoje, a memória de Padre Pio Gottin permanece viva nas paredes das escolas que ele fundou, nas histórias contadas pelos mais velhos e nos registros da Igreja que reconhece seu serviço exemplar. A celebração de seu centenário reafirma o vínculo entre fé e desenvolvimento social, mostrando que a missão vai muito além da liturgia – ela se traduz em ações concretas que moldam o futuro de um povo.

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