Papa León XIV visita Mesquita Azul em Istambul e recusa rezar, rompendo tradição de predecessores

Publicado em dez 1

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Papa León XIV visita Mesquita Azul em Istambul e recusa rezar, rompendo tradição de predecessores

Em um gesto inédito que gerou reflexões em todo o mundo muçulmano e cristão, o Papa León XIV visitou a Mesquita Sultan Ahmed — conhecida como Mesquita Azul — em Istambul, na manhã de sábado, 29 de novembro de 2025, às 10h30 (horário local), mas recusou-se a rezar dentro do templo. A decisão, embora respeitosa, rompeu uma tradição iniciada por Bento XVI em 2006 e mantida por Papa Francisco em 2014, e foi vista por observadores como um sinal sutil, mas profundo, de identidade religiosa clara. A visita, que durou apenas 20 minutos, ocorreu em silêncio, com o Papa descalço e vestindo roupas brancas, acompanhado apenas por meias, enquanto autoridades muçulmanas explicavam os detalhes arquitetônicos e espirituais do local. "Não é minha casa, nem tua casa, é a casa de Alá", disse o Papa ao muecim Musa Asgin Tunca, segundo relato do próprio muçulmano à imprensa turca. "Se quiseres, podes rezar aqui", respondeu Tunca. O Papa apenas sorriu e disse: "Está bem". E assim, sem oração, ele deixou o templo.

Um gesto de respeito, não de confusão

A Mesquita Azul, construída entre 1609 e 1616 pelo sultão otomano Ahmed I, é um dos símbolos mais poderosos do Islã na Turquia. Com mais de 21.000 azulejos de İznik e seis minaretes — raros em mesquitas — ela não é apenas um lugar de culto, mas um monumento à fé e à história. A visita de um Papa a esse espaço já é rara: apenas três pontífices o fizeram na história. Mas o que tornou esta visita tão impactante foi o silêncio. Enquanto Bento XVI se ajoelhou em oração e Francisco, em 2014, recitou uma oração cristã em árabe, León XIV optou por apenas escutar. "Ele não veio para se integrar, mas para entender", disse o mufti provincial de Istambul, Emrullah Tuncel, após o evento. "Isso não é recusa. É clareza. E isso, na verdade, é mais respeitoso do que fingir que pertencemos ao mesmo lugar".

Contexto político e religioso delicado

A visita ocorreu em um momento de tensão crescente entre a Turquia e a Santa Sé. Em 2020, o governo turco, liderado por Recep Tayyip Erdoğan, converteu a Hagia Sophia, antiga basílica bizantina e depois museu, em mesquita — uma decisão que Francisco chamou de "profunda tristeza". A Mesquita Azul fica a apenas 300 metros da Hagia Sophia, e a escolha de visitar esta, e não aquela, foi interpretada por muitos como um recado silencioso. Enquanto a Hagia Sophia é um símbolo de conquista e transformação política, a Mesquita Azul representa a fé em sua forma mais pura — e o Papa, ao entrar nela sem rezar, evitou qualquer interpretação de simbolismo político.

Ao lado dos cristãos da Turquia

Logo após deixar a Mesquita Azul, às 10h50, o Papa seguiu por 15,7 quilômetros até a Igreja Siríaca Ortodoxa de Mor Ephrem, no distrito de Yeşilköy. É a primeira igreja cristã construída na Turquia desde a fundação da República, em 1923, e abriga uma comunidade que vive sob constante pressão. Ali, ele se reuniu com líderes das igrejas locais — sírios, armênios, caldeus — em um encontro privado e emocionante. "Nós somos a minoria que ainda permanece", disse o bispo Youssef Semaan, da Igreja Siríaca. "E hoje, o Papa veio não para nos salvar, mas para nos lembrar que não estamos sozinhos". Às 14h30, ele rezou a doxologia com o Patriarca Ecumênico Bartolomé I de Constantinopla na Igreja Patriarcal de São Jorge, um gesto que reforçou a unidade entre católicos e ortodoxos. Essa relação, historicamente tensa, tem sido uma das prioridades do novo Papa, que já havia feito um apelo à unidade cristã no dia anterior, no contexto dos 1.700 anos do Primeiro Concílio de Nicéia.

Viagem que vai além da Turquia

A visita à Turquia é o primeiro grande gesto internacional de León XIV desde sua eleição em maio de 2025, após a morte de Francisco. Ele embarcará no domingo, 30 de novembro, às 10h, rumo ao Líbano — um país onde cristãos e muçulmanos vivem lado a lado, mas sob constante ameaça de conflito. Antes de partir, técnicos da ITA Airways instalaram uma nova tela no avião papal, um Airbus 320, devido a falhas de software causadas por radiações solares — um problema que afeta 6.000 aeronaves do mesmo modelo em todo o mundo. Um detalhe técnico, mas que serve como metáfora: mesmo os mais avançados sistemas precisam de ajustes para funcionar em ambientes hostis.

Por que isso importa?

Esta visita não foi apenas um ato de diplomacia religiosa. Foi um ato de teologia. León XIV não negou o respeito ao Islã — ao contrário, ele o elevou. Ao não rezar, ele não se colocou como igual, mas como convidado. E isso, em tempos de conflitos religiosos e identidades rígidas, é um gesto revolucionário. "O diálogo não é sobre se tornar o outro", disse o teólogo italiano Domenico Rizzi, da Universidade de Bologna. "É sobre saber onde você está, e respeitar onde o outro está. Ele fez isso com elegância".

Frequently Asked Questions

Por que o Papa León XIV recusou rezar na Mesquita Azul?

O Papa explicou ao muecim que "não é minha casa, nem tua casa, é a casa de Alá" — um reconhecimento de que a oração cristã e a oração muçulmana pertencem a tradições distintas. Embora respeitasse profundamente o espaço, ele evitou qualquer gesto que pudesse ser interpretado como símbolo de fusão religiosa, mantendo a identidade da fé católica sem desrespeitar o Islã.

Como reagiram os muçulmanos turcos à visita?

As reações foram majoritariamente positivas. O mufti de Istambul e o imã da mesquita elogiaram o silêncio e o respeito do Papa. Nas redes sociais, milhares de turcos muçulmanos compartilharam vídeos da visita com a hashtag #PapaQueRespeita. Muitos destacaram que, ao não rezar, ele evitou a polêmica que cercou Francisco em 2014, quando foi acusado de "apaziguar" demais.

Qual é a diferença entre a visita de León XIV e a de Francisco?

Francisco rezou na mesquita em 2014, um gesto visto como de abertura ecumênica, mas que gerou críticas na Turquia por ele ter usado o termo "genocídio" para os armênios. León XIV evitou qualquer palavra ou ação que pudesse ser politizada. Sua visita foi puramente espiritual — sem discurso, sem oração, sem declarações — o que, paradoxalmente, gerou mais impacto.

Por que visitar a Mesquita Azul e não a Hagia Sophia?

A Hagia Sophia, convertida em mesquita em 2020, é um símbolo político. A Mesquita Azul, por outro lado, é um lugar de culto puro, sem controvérsias recentes. Ao escolher esta, o Papa evitou entrar na disputa histórica e focou no essencial: o respeito pela fé viva. A escolha foi intencional, e os teólogos a veem como um sinal de sabedoria.

O que vem a seguir na viagem do Papa?

No domingo, 30 de novembro, o Papa embarca para o Líbano, onde se reunirá com líderes cristãos e muçulmanos em um país dividido, mas ainda resistente. Ele planeja celebrar uma missa em Beirute e visitar refugiados sírios. Sua mensagem será clara: a paz não nasce da uniformidade, mas do respeito mútuo entre diferentes.

O Papa León XIV é o terceiro Papa a visitar a Mesquita Azul?

Sim. Ele é o terceiro, após Bento XVI em 2006 e Francisco em 2014. Mas é o primeiro a não rezar dentro do templo. A visita de Paulo VI e João Paulo II à Turquia foi a outras cidades e igrejas, mas nunca à Mesquita Azul. Portanto, León XIV é o terceiro a visitar este local específico — e o primeiro a fazer isso sem oração.

1 Comments

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    Nelvio Meireles Daniel

    dezembro 1, 2025 AT 22:14
    Pô, isso foi o máximo! 🙌 O Papa entrou sem rezar e ainda assim deu mais respeito que muita gente que fala demais e age de qualquer jeito. Esse silêncio falou mais que mil discursos. Que atitude linda, hein? 🌍✨

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