Prefeito Bruno Reis encerra greve de 74 dias dos professores em Salvador

Publicado em out 15

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Prefeito Bruno Reis encerra greve de 74 dias dos professores em Salvador

Após greve dos professores que se arrastou por 74 dias, a categoria municipal de Salvador decidiu encerrar a paralisação nesta sexta‑feira, 18 de julho de 2025, durante assembleia realizada no Ginásio de Esportes dos Bancários, no coração da Salvador, Bahia. A votação contou com a presença de Rui Oliveira, presidente do APLB – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, e foi confirmada por Bruno Reis, prefeito da Prefeitura Municipal de Salvador, que garantiu o pagamento do piso salarial nacional de R$ 4.867,77.

Contexto da greve

A paralisação teve início em 6 de maio de 2025, quando os docentes apontaram que a rede municipal não observava o piso salarial estabelecido pelo governo federal para a categoria. A exigência principal era a contraprestação de R$ 4.867,77, além da implementação de um plano de carreira. Durante os dois primeiros meses, os professores adotaram ocupações, bloqueios e protestos em pontos estratégicos da capital, como a Estação Lapa e a Câmara Municipal.

Detalhes do acordo firmado

Na reunião de encerramento, Rui Oliveira declarou que a categoria manterá "estado de greve" para fiscalizar o cumprimento integral do pacto. O acordo prevê o pagamento imediato do piso salarial, a criação de um plano de progressão de carreira e a extensão do calendário letivo até janeiro de 2026, garantindo os 200 dias de aula exigidos por lei.

O Thiago Dantas, secretário de Educação de Salvador, confirmou que o pagamento será efetuado a partir de julho, e que a Secretaria Municipal de Educação (SME) já está ajustando os contratos dos servidores. "Sem dúvida, isso vai impactar o calendário", ressaltou Dantas, acrescentando que 41 dias letivos foram efetivamente perdidos, mas que 90% das escolas permaneceram em funcionamento parcial.

Reações dos envolvidos

Em entrevista à TV Bahia, Bruno Reis destacou que "assinam um acordo para ainda este ano trazer mais alguns benefícios" e que a administração continuará discutindo melhorias futuras. Por outro lado, docentes como Arthur Neto, com 18 anos de experiência, criticaram a falta de investimentos em infraestrutura, alegando que há verba para carnaval, mas não para ar‑condicionado nas salas superlotadas.

Denise Sousa, coordenadora pedagógica de um bairro periférico, lembrava que a luta pelo piso data de 2011 e que a falta de pagamento gerou um déficit de 58% nos salários. "Há 13 anos sofremos fragmentação e descontinuidade", afirmou.

Impacto nos estudantes e no calendário escolar

Impacto nos estudantes e no calendário escolar

A rede municipal atende cerca de 131.000 alunos distribuídos em 415 unidades escolares. Mesmo com a greve, a maioria das escolas (90%) continuou atendendo, mas a qualidade do ensino foi comprometida. O acordo prevê que as aulas retornem imediatamente: algumas escolas já iniciam no sábado, 19 de julho, enquanto o restante volta na segunda‑feira, 21 de julho.

Para compensar os dias perdidos, o calendário será estendido até janeiro de 2026, garantindo os 200 dias letivos. Essa medida exigirá ajustes nos ciclos de avaliação, nas férias escolares e na programação de atividades extracurriculares.

Próximos passos e vigilância da categoria

Apesar da votação favorável ao fim da greve, o APLB mantém a categoria em "estado de greve" para acompanhar o cumprimento das cláusulas acordadas, sobretudo o pagamento integral do piso e a implementação do plano de carreira.

Os professores planejam organizar comissões de acompanhamento nas escolas e relatarão à justiça qualquer descumprimento. A Justiça do Trabalho já havia declarado a greve como ilegal e determinado a volta dos docentes, o que reforça a necessidade de vigilância constante.

O que isso significa para a educação em Salvador?

O que isso significa para a educação em Salvador?

O fim da greve traz alívio imediato para pais e estudantes, mas o verdadeiro teste será a efetiva aplicação do acordo. Se a prefeitura honrar o piso e avançar no plano de carreira, pode haver um salto qualitativo no ensino municipal. Caso contrário, a insatisfação pode se transformar em novas mobilizações nos próximos anos.

Perguntas Frequentes

Como o acordo impacta o salário dos professores?

Os docentes passarão a receber o piso nacional de R$ 4.867,77, o que representa um aumento de cerca de 33% em relação ao salário anterior. O pagamento será retroativo a julho e será feito em parcelas mensais, conforme calendário da prefeitura.

Quantos dias letivos foram perdidos e como serão recuperados?

Foram 41 dias letivos interrompidos. Para compensar, o calendário foi estendido até janeiro de 2026, garantindo os 200 dias obrigatórios. As escolas ajustarão o cronograma de avaliações e férias para encaixar as aulas remanescentes.

Qual a posição da justiça em relação à greve?

A Justiça do Trabalho declarou a greve ilegal e determinou o retorno imediato dos professores às salas. O decreto reforça a obrigação da prefeitura de cumprir o acordo e permite que o sindicato acione a justiça caso haja descumprimento.

Quando as aulas voltarão ao normal?

Algumas escolas retomam as atividades no sábado, 19 de julho de 2025, e a maioria das unidades volta na segunda‑feira, 21 de julho, com os professores já em serviço e o calendário ajustado para o novo término em janeiro de 2026.

O que o APLB fará para garantir o cumprimento do acordo?

O sindicato criará comissões de monitoramento nas escolas, exigirá relatórios mensais da Secretaria de Educação e, se necessário, recorrerá à justiça para cobrar o pagamento integral do piso e a implementação do plano de carreira.

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1 Comments

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    Leandro Augusto

    outubro 15, 2025 AT 23:30

    É inadmissível que a administração municipal só reconheça o direito dos professores após 74 dias de paralisação. A falta de respeito ao piso nacional demonstra uma falha sistemática na gestão pública, que deveria antecipar soluções. Espera‑se que o acordo seja rigorosamente cumprido, sob pena de nova mobilização.

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