Após greve dos professores que se arrastou por 74 dias, a categoria municipal de Salvador decidiu encerrar a paralisação nesta sexta‑feira, 18 de julho de 2025, durante assembleia realizada no Ginásio de Esportes dos Bancários, no coração da Salvador, Bahia. A votação contou com a presença de Rui Oliveira, presidente do APLB – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, e foi confirmada por Bruno Reis, prefeito da Prefeitura Municipal de Salvador, que garantiu o pagamento do piso salarial nacional de R$ 4.867,77.
Contexto da greve
A paralisação teve início em 6 de maio de 2025, quando os docentes apontaram que a rede municipal não observava o piso salarial estabelecido pelo governo federal para a categoria. A exigência principal era a contraprestação de R$ 4.867,77, além da implementação de um plano de carreira. Durante os dois primeiros meses, os professores adotaram ocupações, bloqueios e protestos em pontos estratégicos da capital, como a Estação Lapa e a Câmara Municipal.
Detalhes do acordo firmado
Na reunião de encerramento, Rui Oliveira declarou que a categoria manterá "estado de greve" para fiscalizar o cumprimento integral do pacto. O acordo prevê o pagamento imediato do piso salarial, a criação de um plano de progressão de carreira e a extensão do calendário letivo até janeiro de 2026, garantindo os 200 dias de aula exigidos por lei.
O Thiago Dantas, secretário de Educação de Salvador, confirmou que o pagamento será efetuado a partir de julho, e que a Secretaria Municipal de Educação (SME) já está ajustando os contratos dos servidores. "Sem dúvida, isso vai impactar o calendário", ressaltou Dantas, acrescentando que 41 dias letivos foram efetivamente perdidos, mas que 90% das escolas permaneceram em funcionamento parcial.
Reações dos envolvidos
Em entrevista à TV Bahia, Bruno Reis destacou que "assinam um acordo para ainda este ano trazer mais alguns benefícios" e que a administração continuará discutindo melhorias futuras. Por outro lado, docentes como Arthur Neto, com 18 anos de experiência, criticaram a falta de investimentos em infraestrutura, alegando que há verba para carnaval, mas não para ar‑condicionado nas salas superlotadas.
Denise Sousa, coordenadora pedagógica de um bairro periférico, lembrava que a luta pelo piso data de 2011 e que a falta de pagamento gerou um déficit de 58% nos salários. "Há 13 anos sofremos fragmentação e descontinuidade", afirmou.
Impacto nos estudantes e no calendário escolar
A rede municipal atende cerca de 131.000 alunos distribuídos em 415 unidades escolares. Mesmo com a greve, a maioria das escolas (90%) continuou atendendo, mas a qualidade do ensino foi comprometida. O acordo prevê que as aulas retornem imediatamente: algumas escolas já iniciam no sábado, 19 de julho, enquanto o restante volta na segunda‑feira, 21 de julho.
Para compensar os dias perdidos, o calendário será estendido até janeiro de 2026, garantindo os 200 dias letivos. Essa medida exigirá ajustes nos ciclos de avaliação, nas férias escolares e na programação de atividades extracurriculares.
Próximos passos e vigilância da categoria
Apesar da votação favorável ao fim da greve, o APLB mantém a categoria em "estado de greve" para acompanhar o cumprimento das cláusulas acordadas, sobretudo o pagamento integral do piso e a implementação do plano de carreira.
Os professores planejam organizar comissões de acompanhamento nas escolas e relatarão à justiça qualquer descumprimento. A Justiça do Trabalho já havia declarado a greve como ilegal e determinado a volta dos docentes, o que reforça a necessidade de vigilância constante.
O que isso significa para a educação em Salvador?
O fim da greve traz alívio imediato para pais e estudantes, mas o verdadeiro teste será a efetiva aplicação do acordo. Se a prefeitura honrar o piso e avançar no plano de carreira, pode haver um salto qualitativo no ensino municipal. Caso contrário, a insatisfação pode se transformar em novas mobilizações nos próximos anos.
Perguntas Frequentes
Como o acordo impacta o salário dos professores?
Os docentes passarão a receber o piso nacional de R$ 4.867,77, o que representa um aumento de cerca de 33% em relação ao salário anterior. O pagamento será retroativo a julho e será feito em parcelas mensais, conforme calendário da prefeitura.
Quantos dias letivos foram perdidos e como serão recuperados?
Foram 41 dias letivos interrompidos. Para compensar, o calendário foi estendido até janeiro de 2026, garantindo os 200 dias obrigatórios. As escolas ajustarão o cronograma de avaliações e férias para encaixar as aulas remanescentes.
Qual a posição da justiça em relação à greve?
A Justiça do Trabalho declarou a greve ilegal e determinou o retorno imediato dos professores às salas. O decreto reforça a obrigação da prefeitura de cumprir o acordo e permite que o sindicato acione a justiça caso haja descumprimento.
Quando as aulas voltarão ao normal?
Algumas escolas retomam as atividades no sábado, 19 de julho de 2025, e a maioria das unidades volta na segunda‑feira, 21 de julho, com os professores já em serviço e o calendário ajustado para o novo término em janeiro de 2026.
O que o APLB fará para garantir o cumprimento do acordo?
O sindicato criará comissões de monitoramento nas escolas, exigirá relatórios mensais da Secretaria de Educação e, se necessário, recorrerá à justiça para cobrar o pagamento integral do piso e a implementação do plano de carreira.
Leandro Augusto
outubro 15, 2025 AT 23:30É inadmissível que a administração municipal só reconheça o direito dos professores após 74 dias de paralisação. A falta de respeito ao piso nacional demonstra uma falha sistemática na gestão pública, que deveria antecipar soluções. Espera‑se que o acordo seja rigorosamente cumprido, sob pena de nova mobilização.
Paulo Víctor
outubro 18, 2025 AT 20:56Caraca, finalmente! 🎉 Agora que o salário tá garantido, bora retomar as aulas e dar aquele gás nos estudantes. Vamos que vamos, galera!
Ana Beatriz Fonseca
outubro 21, 2025 AT 18:23O ato de recorrer à greve revela não apenas uma luta salarial, mas a existência de um abismo moral entre a promessa de educação e a prática cotidiana. Enquanto o Estado fala de cidadania, os docentes se veem à margem de suas próprias promessas. Essa contradição, se não for sanada, perpetua a desumanização do ensino.
Jémima PRUDENT-ARNAUD
outubro 24, 2025 AT 15:50O que vivemos nos últimos 74 dias transcende um mero impasse salarial; é um reflexo da negligência crônica das instituições públicas.
Primeiro, subestimaram a importância de se respeitar a dignidade do profissional da educação, colocando em risco a própria formação de milhares de crianças.
Segundo, falharam em propor um plano de carreira que realmente valorize o mérito e a experiência acumulada.
Terceiro, ignorei‑os na hora de discutir investimentos em infraestrutura, como ar‑condicionado, que são vitais para a aprendizagem em meio ao clima quente da Bahia.
Quarto, a própria justiça do trabalho teve que intervir, reconhecendo a illegalidade da greve e, ainda assim, o atraso persiste.
Quinto, a proposta de estender o calendário até janeiro de 2026, embora necessária, é sintomática de falhas de planejamento pré‑existentes.
Sexto, a imprescindibilidade de se criar comissões de monitoramento nas escolas demonstra a desconfiança entre sindicato e prefeitura.
Sétimo, a falta de transparência nos repasses de recursos ainda deixa dúvidas sobre a efetividade do acordo.
Oitavo, há um risco latente de que o pagamento retroativo seja sofrido por atrasos burocráticos, prejudicando ainda mais os docentes.
Nono, a população, especialmente os pais, sofre com a instabilidade e a qualidade de ensino comprometida.
Décimo, a promessa de “benefícios futuros” do prefeito parece ser apenas um discurso político para comprar tempo.
Décimo‑primeiro, a ausência de investimentos em tecnologia educacional permanece um ponto cego da gestão.
Décimo‑segundo, a pressão sobre os professores para aceitar o acordo sem garantias claras pode ser vista como coação.
Décimo‑terceiro, a estratégia de manter a categoria em “estado de greve” pode gerar uma nova onda de protestos caso as cláusulas não sejam respeitadas.
Décimo‑quarto, a sociedade civil deve exigir fiscalização rigorosa, pois a história já mostrou que promessas não cumpridas geram revoltas.
Por fim, a efetiva implementação desse acordo será o verdadeiro teste da capacidade da prefeitura de Salvador em honrar seus compromissos com a educação.
Elida Chagas
outubro 27, 2025 AT 13:16Ah, que surpresa! Depois de tantos discursos pomposos, a prefeitura finalmente resolve pagar o que deveria ter sido entregue há anos. Parabéns ao governo pela ‘generosidade’ tão tardia, quase como se estivéssemos celebrando um milagre. Agora, resta esperar que o plano de carreira não seja mais uma promessa vazia.
Thais Santos
outubro 30, 2025 AT 10:43Entendo a frustração, mas vale lembrar que cada passo rumo ao reconhecimento do piso é uma vitória para todos os professores. Acredito que o acompanhamento das comissões será crucial para garantir que nada fique apenas no papel. Vamos manter o diálogo aberto e apoiar a fiscalização coletiva.
elias mello
novembro 2, 2025 AT 08:10✅ Ações concretas são essenciais! 🌟 O pagamento imediato do piso vai melhorar a motivação dos docentes, e o plano de carreira pode trazer estabilidade. 🚀 Mas não esqueçamos de cobrar transparência na execução dos recursos. 🙏
Camila Gomes
novembro 5, 2025 AT 05:36Boa notícia sobre o pagamento, mas é importante que as escolas recebam também os recursos para melhorar as condições de trabalho, como instalação de ar‑condicionado e materiais pedagógicos. Caso contrário, o aumento salarial pode não ser suficiente para reverter a desmotivação dos professores.
Consuela Pardini
novembro 8, 2025 AT 03:03Agora que o piso foi garantido, vamos ver se a prefeitura realmente cumpre o plano de carreira ou se fica só na promessa. Nem tudo que reluz é ouro, né?
Paulo Ricardo
novembro 11, 2025 AT 00:30É só mais do mesmo.
Ramon da Silva
novembro 13, 2025 AT 21:56O acordo representa uma conquista significativa para a categoria, porém sua efetividade dependerá da disciplina nas etapas de pagamento e da implementação pontual do plano de carreira. Recomendo que os docentes acompanhem os relatórios mensais da SME e mantenham diálogo constante com a administração municipal.
Isa Santos
novembro 16, 2025 AT 19:23É bom ver avanço mas... falta vigilância constante pra garantir que o pagamento não atrase, ainda mais com a burocracia típica das prefeituras. A gente tem que ficar de olho e cobrar sempre, sem deixar a peteca cair.
Everton B. Santiago
novembro 19, 2025 AT 16:50Acredito que a união da categoria e a transparência da gestão são fundamentais para que o acordo seja cumprido de forma eficaz. Manteremos o acompanhamento e, se necessário, acionaremos os mecanismos legais para assegurar os direitos dos professores.
Joao 10matheus
novembro 22, 2025 AT 14:16Não se enganem: esse acordo pode ser apenas mais um lubrificante para acobertar o verdadeiro plano de controle da educação pública. Enquanto a prefeitura fala de benefícios, os verdadeiros interesses permanecem ocultos nas sombras das decisões políticas. É preciso ficar alerta.