Lavagem de Dinheiro: entenda o crime e como se proteger

Quando a gente fala de lavagem de dinheiro, a ideia que surge é a de “esconder” dinheiro sujo. Mas como isso acontece na prática? E o que a legislação oferece pra impedir? Neste texto a gente vai explicar tudo de forma simples e direta, sem juridiquês.

O que é lavagem de dinheiro?

Lavar dinheiro significa transformar recursos obtidos por atividades ilícitas – tráfico, corrupção, fraude – em recursos aparentemente lícitos. O processo costuma ter três etapas: colocação (introduzir o dinheiro no sistema financeiro), estratificação (disfarçar a origem por meio de várias transações) e integração (devolver o valor ao “lavador” como se fosse legal).

Como os criminosos fazem isso?

Existem dezenas de técnicas, mas as mais comuns no Brasil são:

  • Empresas de fachada: abrir um negócio falso, registrar as receitas como se fossem de vendas reais e depositar o dinheiro sujo.
  • Compra de bens de alto valor: imóveis, obras de arte ou carros caros são adquiridos e depois vendidos, “limpando” o valor.
  • Operações em moedas digitais: usar criptomoedas para movimentar fundos rapidamente, dificultando o rastreamento.
  • Transferências internacionais: mandar o dinheiro para paraísos fiscais e trazer de volta como investimento.

O ponto crucial é que cada passo tenta “embaralhar” o rastro, dificultando a vida das autoridades.

O que a lei brasileira diz?

No Brasil, a Lei nº 9.613/1998 - conhecida como Lei de Lavagem de Dinheiro - estabelece punições que vão de 3 a 10 anos de prisão e multas que podem chegar a 10% do valor do crime. O Banco Central, a Receita Federal e a Polícia Federal têm direitos ampliados para monitorar transações suspeitas.

Além disso, a Lei nº 12.683/2012 criou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), hoje parte da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), que recebe e analisa denúncias de movimentações suspeitas.

Como evitar ser vítima ou cúmplice?

Se você tem um negócio ou faz transações frequentes, fique atento a alguns sinais:

  • Receber pagamentos de pessoas ou empresas desconhecidas sem uma justificativa clara.
  • Pedidos para usar contas de terceiros ou criar contratos falsos.
  • Pressão para fechar negócios rapidamente, sem documentos adequados.

Ao notar algo estranho, converse com seu contador, procure o órgão de defesa do consumidor ou denuncie ao Sisbajud/UFIR.

Casos recentes no Brasil

Nos últimos meses, a Operação “Molho Verde” revelou um esquema de lavagem envolvendo políticos e empresários da construção civil. O caso mostrou como recursos de contratos públicos eram canalizados por empresas de fachada e depois convertidos em bens de luxo.

Essa investigação reforça a necessidade de transparência nas contas públicas e de fiscalização constante pelas instituições.

Entender como funciona a lavagem de dinheiro é o primeiro passo para não cair em armadilhas. Fique atento, exija documentos claros e, se algo parecer suspeito, denuncie. O combate começa com a informação de quem está no dia a dia das transações.

Gabriela Sousa, esposa do humorista Nego Di, foi presa em uma operação do Ministério Público que investiga a lavagem de R$ 2 milhões através de rifas virtuais. A ação resultou na apreensão dos carros do casal e a investigação continua para desvendar o alcance das atividades ilegais.