Tragédia com avião da Jeju Air na Coreia do Sul: investigação aponta falha humana e levanta revolta das famílias

Publicado em jul 22

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Tragédia com avião da Jeju Air na Coreia do Sul: investigação aponta falha humana e levanta revolta das famílias

O choque do acidente: mortes e dúvidas no aeroporto de Muan

O maior desastre aéreo da Coreia do Sul em décadas aconteceu no final de 2023. Um voo da Jeju Air, operando um Boeing 737-800, caiu em Muan, ceifando 179 vidas entre 181 pessoas a bordo. Tudo se passou numa noite em que o voo parecia rotineiro, até que, pouco antes do pouso, ambos os motores foram atingidos por aves, causando pane severa. O grave não ficou só na colisão: segundo as investigações iniciais, a tripulação desligou o motor esquerdo, considerado menos avariado, deixando o motor direito – provavelmente o mais comprometido – funcionando de maneira instável.

O erro foi fatal. Sem potência de motor suficiente, a aeronave tentou o pouso, mas sem sucesso. O trem de pouso não foi acionado e o avião “sentou” de barriga na pista, deslizando em alta velocidade sem controle. O Boeing ultrapassou o final da pista, bateu em uma estrutura de concreto e pegou fogo rapidamente, dificultando os esforços de resgate. Só dois passageiros sobreviveram, e os relatos sobre as cenas caóticas dentro do avião são um retrato do desespero daquela noite.

Acusações, protestos e perguntas sem resposta

Acusações, protestos e perguntas sem resposta

Logo após o acidente, a pressão pública por esclarecimentos cresceu. As autoridades sul-coreanas apressaram a divulgação de um laudo preliminar, que rapidamente apontou possível erro dos pilotos como causa principal do desastre. Para as famílias, essa postura soou como uma tentativa de responsabilizar os únicos que não podem se defender – os próprios pilotos mortos na tragédia.

A revolta ganhou corpo durante uma coletiva de imprensa marcada para detalhar os achados iniciais. Parentes das vítimas interromperam o evento, exigindo provas sólidas e mais detalhes sobre a investigação, que consideram pouco transparente. Para o reitor Kwon Bo Hun, da Faculdade de Aeronáutica da Far East University, faltou cuidado e clareza na comunicação dos dados: "É injusto apontar o dedo para quem já não pode explicar suas decisões. Precisamos de mais transparência e acesso completo às evidências feita pelo comitê investigativo".

A análise das caixas-pretas trouxe informações relevantes: a aterrissagem foi muito mais rápida que o normal, sem que o trem de pouso estivesse abaixado. Contudo, técnicos não encontraram falhas mecânicas nos motores após os choques com pássaros, reforçando a linha de investigação focada em protocolo operacional e tomada de decisão da cabine. Para Kim Yu-jin, advogado das famílias, a investigação não pode se esgotar nesse ponto. "Esses pilotos eram treinados e competentes. Cobrar justiça também é aprofundar o que realmente aconteceu e não apenas buscar culpados fáceis".

A resposta definitiva, no entanto, deve demorar. As autoridades só prometem um relatório final para junho de 2025. Até lá, familiares e especialistas seguem pressionando por uma análise minuciosa, clara e, principalmente, justa, que traga respostas para milhares de coreanos que ainda tentam entender como e por que essa tragédia aconteceu.

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